Uma perspectiva de tendências a partir do olhar da lighting designer Helena Gentilli.
A luz é mais do que uma ferramenta técnica. Um elemento que é linguagem, emoção e estratégia. Essa foi a principal sensação deixada pela Milano Design Week 2025, que reuniu os grandes nomes do design internacional em uma celebração das estéticas, tecnologias e conceitos que estão moldando o futuro.

Este ano, a iluminação surgiu como protagonista. Seja no Salone del Mobile, na Euroluce ou no Fuorisalone. Nestes espaços ficou claro que a luz não apenas revela o ambiente, o constrói. E mais do que acompanhar tendências, o momento pede reflexão. Em um mundo saturado de imagens e estímulos, o design, especialmente o lighting design, é desafiado a ir além da eficiência e da beleza. É preciso ser ético, sensível, consciente e poético.

Durante os dias em Milão, Helena participou de fóruns, entrevistou expositores, percorreu mais de 80 espaços e conversou com talentos emergentes e figuras consagradas. Mais do que observar, procurou sentir. E assim surge o questionamento: como o design está respondendo às urgências do nosso tempo? Entre elas, o esgotamento ambiental, a crise da atenção, as complexidades das identidades contemporâneas, o impacto das tecnologias imersivas e a necessidade urgente de desacelerar.

Um dos momentos mais marcantes destacados por Helena é a palestra do diretor Robert Wilson no Euroluce Forum. Ele afirmou: “o contemporâneo é o retorno ao clássico”. Essa frase reverberou em diversas criações apresentadas: coleções com rigor formal, instalações contemplativas, produtos que valorizam pausas, sombras e intervalos. Como se estivéssemos redescobrindo a beleza do essencial.

A experiência em Milão revelou um design que não busca apenas inovação, mas reconexão. Um design que ilumina com intenção, que cria atmosferas para o presente e projeta futuros mais conscientes. “Essa vivência também foi atravessada pelo meu olhar de lighting designer brasileira — alguém formada com as referências milanesas, mas que hoje projeta a partir do sul do mundo, com todas as ambiguidades, potências e paisagens solares” conta Helena.

Um relato das tendências para pensar, sentir e projetar. Uma perspectiva a partir de elementos que traduzem as tendências como: formas orgânicas e materiais naturais, tecnologia e conforto visual, cores vibrantes e vidros trabalhados, iluminação centrada no bem-estar, sustentabilidade e artesanato e para finalizar luz como poética arquitetônica.

Um recorte que inspira novas ideias, desperta perguntas e gera conexões. A proposta de Helena é que a luz – sempre ela – continue ajudando a ver mais longe, mais fundo, mais intensamente.
