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ARTE+TURA

10/07/2020 - Roberta Dietrich

Era 2005 quando o jovem Jean Tomedi assistiu “Os Filhos do Vento”. O filme francês mostra os Yamasaki, atletas que escalam edifícios e saltam sobre obstáculos das cidades usando apenas as habilidades do próprio corpo. Quis saber mais e passou a praticar. Ganhou condicionamento físico, fez amigos que fundaram o método e aperfeiçoou o olhar sobre as formas humanas. Na mesma época já havia em si a ideia de cursar arquitetura que curiosamente também une pessoas com a estética das cidades. 





A escolha do curso de arquitetura e urbanismo na FURB (Fundação Universidade Regional de Blumenau) foi orgânica. E já na faculdade descobriu que o fazer com as próprias mãos era o que mais o encantava. Seus trabalhos primavam pelo fazer manual sempre na escopo do universo artístico. Trabalhou numa empresa de móveis planejados e logo ingressou no escritório Maurício Chrsiten Arquitetura. Por lá colecionou aprendizados. Aprendeu com uma referência da área o processo de construção de um projeto com foco no atendimento às necessidades do cliente. Foi lá também que usando post its – aqueles papeizinhos auto-colantes – criou os primeiros desenhos traçados com uma fina e precisa lapiseira 0.3. 




As artes em miniatura ganharam as redes sociais – primeiro o Facebook e depois o Instagran- e ganharam também fãs. O amigo e arquiteto Nicholas Alencar foi um dos primeiros a encomendar uma tela de Jean Tomedi. O artista seguiu o mesmo processo da arquitetura: sentar, ouvir, entender as demandas do cliente, criar um esboço, aprovar, entregar e avaliar. E partir daí o mercado acolheu o talento do menino de Blumenau e incentivou-o a trilhar um caminho solo de criação autoral.






Jean Tomedi tem observações interessantes sobre o processo criativo. Na função de arquiteto intercalava a dedicação a um projeto com pinturas para ganhar fôlego e renovar a criatividade. Enquanto descansa a mente dos traços arquitetônicos usa energia para pintar. E quando precisa descansar da pintura volta a prancheta para se reabastecer de referências e de olhares sobre o mundo. Jean usou a mesma técnica na arte. E de desenhista e pintor passou também para a escultura. E chega a uma beleza singular com obras que parecem ter efeito 3d, tamanha habilidade na lida com luz e sombra.





As obras do artista não se restringem a materiais, mas aos conceitos de cada peça. Esse conhecimento adquiriu nas trocas que faz ao longo da vida. Além das inúmeras viagens observando culturas e viveres, Jean participa do Coletivo Balbúrdia – movimento artístico que foi formado pelos publicitários Paulo Priess e Rafael Erichsen da Silveira e pelo designer Sávio Abi-Zaid para promover a arte e fazê-la trazer significados para a cidade. Também passou a integrar a BLUAP – Associação dos Artistas de Blumenau. Todas essas trocas formaram o artista sensível e carismático, autor de obras que emocionam. 




           


 A temática do corpo humano também tem uma lógica criativa e sensorial. “Nós nos espelhamos e nos entendemos com muita facilidade e por isso é natural a sensibilidade para captar a forma humana”, explica Tomedi. Numa primeira exposição testou formato com convidados e concluiu que a obra realista fala mais ao coração dos espectadores. Aliás, Jean sempre se colocou na posição de aprendiz e nunca fugiu da crítica. Ao contrário. Agradece cada uma delas e usa todas para o seu próprio desenvolvimento. 






Nesse ritmo, Jean Tomedi dará saltos exponenciais de qualidade e produção artística. Entre murais feitos com giz escolar, pinturas a óleo, e peças de madeira, resina, barro e concreto armado vai experimentando criações e ganhando o respeito de quem sabe que a arte, assim como a arquitetura onde ele continua atuando, é respiro, é vida, é paixão! 






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