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Patrimônio histórico

26/02/2021 - Schayla Jurk

A casa dos agricultores Gustav e Josefina Eichendorf, construída no final do século XIX, na estrada Dona Francisca marca o processo de colonização em São Bento do Sul e a vinda dos primeiros imigrantes. O imóvel centenário construído com dois sistemas estruturais: enxaimel e alvenaria autoportante de tijolos aparentes, preserva histórias do casal e dos descentes até a compra por Alceu Steffen, proprietário da casa até 2009.  





Gustav  nasceu em  20 de fevereiro de 1878 e Josefina em 23 de janeiro de 1888. Juntos tiveram sete filhos e construíram uma casa às margens da estrada Dona Francisca num área de muitas terras que pertenciam ao casal e onde plantavam  trigo. Anos depois, após a morte de Gustav em 1933 e Josefina em 1953, o filho Gustavo e a nora Edeltraut Ropke mudam para a casa e lá viveram criando também sete filhos e mantendo a atividade agrícola da família. 





A estrutura arquitetônica da Casa Eichendorf destaca traços da maneira de construir dos imigrantes que trouxeram para o Brasil o estilo Enxaimel, uma técnica de construção baseada na montagem de paredes com hastes de madeira encaixadas entre si. A residência da família Eichendorf por quase cem anos é um retrato de construção de paredes internas com madeira, enxaimel e taipa rebocada. A varanda, simbólica e incorporada ao cenário do passado, tem lambrequim e parapeito com peças verticais de madeira. A edificação de seis ambientes com pinturas decorativas é uma aula de história da arquitetura do século XX. A sala, os dois quartos, uma suposta sala de refeições, a cozinha nos fundos e uma escada para o sótão determinam o layout da casa.  O ripado de madeira do guarda corpo da varanda exige minutos de um olhar cuidadoso e criterioso. 




A herança cultural expressa em paredes transformou a Casa Eichendorf numa edificação tombada pelo patrimônio histórico e integra os Roteiros Nacionais da Imigração do Iphan. Por isso, em 2009 o imóvel deixou de ser uma propriedade de Alceu Steffen e passou para a Prefeitura de São Bento do Sul a pedido da curadoria do Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Durante a obra de restauro que começou oficialmente em 2014,  o arquiteto Dirceu Contti, responsável pela obra, preservou ao máximo os elementos da casa. O ripamento do telhado foi substituído, mas parte das telhas originais reaproveitada. A madeira do assoalho em condições de uso está em dois cômodos da casa. 




A preservação da casa trouxe intervenções ao longo dos anos. Em 2013 iniciou o processo de restauração emergencial do patrimônio. Nos anos anteriores, em 2008 e 2012, obras emergências de escoramento e colocação de tapumes traziam um frescor para a casa centenária. Com a conclusão da reforma externa, começa em 2014 o reparo da pintura.  O investimento de R$ 313 mil do Iphan possibilitou a construção de um anexo para copa e lavabos, rampa de acessibilidade, calçadas e estacionamento. As instalações elétricas e de equipamentos para prevenção e combate a incêndio, grama e iluminação destacam os principais elementos arquitetônicos da casa.




Durante o ano de 2020, marcado por desafios de uma pandemia mundial, a obra de reforma da Casa Eichendorf chega ao fim e a entrega oficial em outubro marca um novo capítulo desta história. Por enquanto, o destino ainda é incerto e a prefeitura avalia a possibilidade de abertura permanente para visitações, venda de produtos coloniais e atividades culturais. 





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