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História da arquitetura: uma grande fonte de inspiração

28/05/2021 - Equipe Comunicação/Portobello

Você já reparou como é possível conhecer a história de uma cidade apenas olhando para os edifícios dela? A conservação de prédios, por exemplo, mostra quem tem orgulho de seu passado e deseja lembrá-lo.

A história da arquitetura fala sem palavras, apenas com formas, cores e detalhes. Construções antigas também revelam o comportamento de grupos em um determinado espaço e tempo.

Assim, elas contam a história da humanidade. Entenda!



Construído entre 1632 e 1653 com a força de 20 mil homens, o Taj Mahal é uma das mais importantes obras da história da arquitetura e uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno (Foto: Sanket Arun Chhajed)


História da arquitetura: conceito



Construção com arquitetura da Escola de Bauhaus, vertente da arquitetura moderna (Foto: PxHere)


A arquitetura é um tipo de arte que se manifesta em edificações. Por isso mesmo, a história da arquitetura pode ser considerada uma subdivisão da história da arte que estuda o desenvolvimento das construções humanas ao longo do tempo.

O termo “arquitetura” geralmente se refere a edifícios, mas em sua essência é muito mais amplo, incluindo campos que agora consideramos práticas especializadas, como engenharia civil, naval e militar, além do urbanismo e do paisagismo.


Arquitetura na Pré-história

Sim, a história da arquitetura também tem sua pré-história! E ela nasce com a agricultura, quando o homem abandona o nomadismo e adota o sedentarismo, ou seja, passa a ter um local fixo para morar. 

Durante o período Neolítico (10.000 a 2.000 a.C.), o homem começa a criar plantas e a domesticar animais, o que muda a relação entre as comunidades e a forma de vivência adotada até então. Os grupos começam a viver mais tempo em uma determinada região e dela tirar o que necessitam para a subsistência.

Assim como acontece com praticamente toda a atividade humana, é muito difícil identificar o marco histórico do surgimento da história da arquitetura. Os resquícios mais antigos que conhecemos estão ligados às cidades pioneiras do Oriente Médio e da Ásia Central. As residências eram construídas com tijolos crus, feitos de lama e secos ao sol. Até hoje, esse tipo de material é muito utilizado em construções populares.

O abrigo é uma construção importantíssima na história da arquitetura e crucial para o desenvolvimento da humanidade. Com o passar dos milênios, surgiu o mito da cabana primitiva, invocado pela primeira vez por Vitrúvio (I a.C.), que prega que os deuses deram a sabedoria para construir seu lar: uma construção de madeira com quatro paredes e telhado duas águas.

Stonehenge




Fundamental para a história da arquitetura, o Stonehenge é a construção pré-histórica mais conhecida no mundo (Foto: Wikipédia)



Apesar de ser a construção pré-histórica mais conhecida do mundo, o Stonehenge é cercado de mistérios. Quem o construiu? Para que ele servia?

Localizado em Wiltshire, na Inglaterra, o Stonehenge é um monumento megalítico, ou seja, formado por gigantescos blocos de pedras rudes, que chegam a ter 5 m de altura e a pesar quase 50 t. Essas pedras formam círculos concêntricos e, ao que tudo indica, foram colocadas lá em três períodos, que vão de 3100 a.C. a 1100 a.C.

Todo dia 21 de junho — solstício de junho, quando começa o verão no hemisfério norte e o inverno no sul —, o sol nasce em perfeita exatidão sobre a pedra principal de Stonehenge.

Em 2021, descobriu-se que as pedras do monumento foram reaproveitadas de outro ainda mais antigo, 400 anos mais velho que o Stonehenge. Waun Mawn fica no País de Gales, a 250 km de distância.




Waun Mawn, monumento do País de Gales de onde saíram as pedras de Stonehenge, foi construído pelo menos 400 anos antes (Foto: Hansjoerg Lipp)



Arquitetura na Idade Antiga

A história da arquitetura antiga é muito marcada pelo surgimento das pirâmides. Elas podem ser observadas em diferentes civilizações — grande parte delas muito distantes entre si.

Mesopotâmia



Torre de observação com formato de zigurate em Budapeste, na Turquia (Foto: Peter Moricz)



Na região que compreendia a maior parte dos atuais Iraque e Kuwait, surgem os zigurates, pirâmides terraplanadas com vários andares construídos uns sobre os outros.

Para dar o formato piramidal, cada andar superior tinha uma área menor que a plataforma inferior sobre a qual era construído.

Com dois a sete andares, os zigurates podiam ser retangulares, ovais ou quadrados.

Egito

As construções do Antigo Egito retratam a profunda religiosidade do povo. Templos e túmulos eram sempre monumentais. Além disso, rituais eram realizados durante as obras para que a atividade estivesse em contínua bênção.

As pirâmides egípcias nada mais eram do que túmulos para guardar os corpos dos faraós. As mais famosas estão na Necrópole de Gizé, nos arredores da cidade do Cairo. A maior de todas, a de Quéops, é a única das Sete Maravilhas do Mundo Antigo que ainda está de pé.

Além da grandiosidade, os egípcios inovavam durante a construção. Em vez de usarem massa para prender as pedras, eles utilizavam encaixes de madeira para empilhá-las. Assim, conseguiam construir pirâmides gigantescas, com uma cobertura mais caprichada.

Mesoamérica




Grande Pirâmide de Cholula, no México (Foto: Diego Delso)


A arquitetura mesoamericana é o conjunto de construções produzidas pelos povos pré-colombianos ( incas, maias e astecas, por exemplo). Depois do Antigo Egito e do Império Chola (Índia), ela conta com as maiores e mais famosas pirâmides da história da arquitetura. Em volume, a maior mundo é a Grande Pirâmide de Cholula, em Puebla (México).

Cada civilização mesoamericana desenvolveu seus estilos de construção. No entanto, eles se relacionam, por conta da troca cultural desenvolvida durante os séculos. Geralmente, são estruturas com degraus externos e um templo no topo. Algumas também contêm hieróglifos nas paredes e esculturas sobre diversos mitos, como o da serpente emplumada Quetzalcoátl.

Arquitetura na Idade Média





Teto Gótico da Capela do Museu Nacional da Idade Média de Paris, mais conhecido como Museu Cluny (Foto :Px Here)



Desenvolvida entre os séculos V e XV, a história da arquitetura da Idade Média é muito marcada por templos, castelos e fortificações.

Aliás, as igrejas dessa época são algumas das mais importantes da história, referências até hoje na arquitetura cristã. As construções mais lembradas são europeias, embora tenham influência de povos de outros lugares.

Apesar de lembrada pela imponência e riqueza de detalhes, a arquitetura medieval é marcada por três fases bem definidas, que veremos a seguir.

Pré-românica

Surge logo no início da Idade Média, se caracterizando por grandes construções no sul e no oeste da Europa.

Absorve características da Grécia Antiga, da Igreja Cristã Primitiva, de povos mediterrâneos e germânicos. Foi com a conversão dos povos germânicos, aliás, que as igrejas deixaram de ser de madeira e passaram para a pedra — uma herança dos vikings.

Paredes grossas e poucas janelas marcam esse estilo arquitetônico.

Românica



Fachada da Igreja Sé Velha de Coimbra, em Portugal, exemplo de arquitetura românica (Foto: Aracuano)



Funcionando como uma transição entre as eras pré-românica e gótica, a arquitetura românica tem esse nome pela influência na cultura européia . 

As construções mais importantes foram erguidas na França e na Itália, mas a arquitetura românica marcou a história de todo o continente europeu.

De início, ainda se tinha muito da característica cavernal da arquitetura pré-românica. Mas quando os templos eram reformados, ganhavam detalhes e ornamentos.

Gótica

A arquitetura gótica é a mais marcante  das três, pela sua riqueza de detalhes.

Suas igrejas são muito imponentes, com grandes torres em dupla e paredes mais finas. É nessa época que as gárgulas surgem — provavelmente para representar a vida sem pecado, mas não há uma explicação exata. 

Os vitrais coloridos também chegam às igrejas. Além de deixá-las mais ornamentadas com cenas bíblicas, eles aumentavam a iluminação interna, evocando o divino.

Arquitetura na Idade Moderna



Abadia de Ottobeuren, importante abadia beneditina localizada na Alemanha, é toda decorada nos estilos barroco e rococó (Foto: Allie Caulfield)



Embora "arquitetura moderna" seja um termo usado para caracterizar criações durante o século XX até a atualidade, aqui vamos tratar das construções feitas entre 1453 (tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos) e 1789 (início da Revolução Francesa).

O Renascimento foi um movimento cultural que marcou a transição gradual da Idade Média para a Moderna. Foi algo inter e multidisciplinar, com o culto ao conhecimento, à razão, às ciências e às artes.

Essa última foi muito presente na história da arquitetura moderna, pois foi quando os grandes pintores clássicos (Michelangelo, Caravaggio, Rubens, Da Vinci, Rembrandt e Velázquez, por exemplo) surgiram.

No entanto, ela só foi possível graças à redescoberta dos 10 volumes da obra De Architectura (aproximadamente 27 a 16 a.C.), do arquiteto romano Vitrúvio. Único tratado europeu do período greco-romano ainda existente, ela foi fonte de inspiração para a arquitetura, a engenharia e a hidráulica da época.

Além disso, os escritos de Vitrúvio mostraram a artistas, arquitetos e estudiosos em geral noções e técnicas de perspectiva, proporções e planejamento — incluindo a construção de maquetes —, algo perdido durante a Idade Média.

Os arquitetos daquela época utilizaram muito ponto de fuga e muita perspectiva para dar uma ilusão de "infinito" na concepção espacial dos ambientes.

A história da arquitetura da Idade Moderna é muito rica e conta com diferentes movimentos. Além do Renascimento, surgiram o Maneirismo, o Barroco e o Neoclássico, que influenciaram fortemente as construções da época. O Rococó também influencia bastante na decoração de interiores.

Arquitetura na Idade Contemporânea




Museu de Arte Contemporânea de Niterói. A obra de Oscar Niemeyer é um exemplo marcante de arquitetura contemporânea (Foto: Rodrigo Soldon)


Nessa época, as cidades começam a crescer de maneira inédita. O Estado precisa constantemente controlar o espaço urbano, o que proporciona o surgimento do Urbanismo como matéria acadêmica.

O século XIX viveu crises estéticas que se traduziram no ressurgimento do Revivalismo — movimento que procura evocar princípios e tradições de tempos passados — de diversas épocas. 

Essa crise só desapareceria no século XX, com o surgimento da arquitetura moderna.

Assim como outras áreas, a história da arquitetura teve um boom na Era Contemporânea. Nunca surgiram tantos movimentos artísticos e arquitetônicos, muitos deles "renegando" uns aos outros. Mas nada do que temos hoje seria possível se não fossem pelos primeiros tijolos de barro secos ao sol. 


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