05/06/2020 - Equipe NCD
O escritor americano Philip K. Dick declarou: “o
futuro muda porque você olhou para ele, e isso muda todo o resto”. Esse talvez
seja o segredo para entendermos que prever os próximos minutos, meses e anos é
um exercício complexo porque a todo momento tudo pode ser diferente. Mas, nós,
seres humanos temos a mania de prever o que virá pela frente e antecipar os
dias pode ser um prazeroso exercício para entendermos o agora. Aliás, o planeta
nunca parou de uma forma tão desafiadora como o coronavírus impôs nos últimos
meses. Será que alguém em algum momento pensou numa pandemia que poderia mudar
tudo de repente? O novo está aqui e ao mesmo tempo é tão indecifrável.
No auge da Pandemia na China e na Europa a
Organização das Nações Unidas desafiou os povos do mundo a pensarem sobre o
futuro. A ONU completa 75 anos em 2020 e, para marcar o aniversário, criou uma
conversa global por meio da tecnologia sobre o papel da cooperação
internacional na construção do futuro. As respostas ajudarão a melhorar a
gestão internacional dos temas globais que exigem uma cooperação entre
fronteiras, setores e gerações para um mundo mais seguro, justo e sustentável
para todas e todos. A pesquisa prevê quatro fluxos de dados inovadores: quais
tendências globais podem afetar nosso futuro, qual a importância da cooperação
internacional e que conselho dariam ao secretário-geral da ONU. Esses eixos vão capturar as discussões em todo o mundo e variadas
formas. O secretário-geral da ONU, António Guterres, considera a participação
global no processo essencial para entender o mundo daqui a 25 anos. “Precisamos nos unir, não apenas para
conversar, mas para ouvir”, disse ele. “É absolutamente essencial que todos
participem da conversa. Precisamos da sua opinião, de suas estratégias e de
suas ideias para que possamos trabalhar melhor para as pessoas do mundo as
quais devemos servir.”
Inspirados por essa pesquisa, nós do NCD,
convidamos arquitetos, designers e decoradores a embarcarem nessa aventura
humana de antecipar os dias e as previsões sobre o futuro da cadeia do décor
nas próximas quase 3 décadas.
Mundo totalmente conectado
Por Mariana Pesca- Arquiteta e Designer de Interiores
Com a tecnologia avançando cada vez mais rápido, as
atualizações não caminham hoje em dia, elas correm. Por isso, o que esperar da
arquitetura daqui há 25 anos é quase que inimaginável. Acredito que as pessoas
buscarão, cada vez mais, bem estar e qualidade de vida. Já estamos nessa
tendência, principalmente com essa pandemia, mas isso vai crescer ainda mais. O
mundo rápido e tecnológico tem as desvantagens, como o aumento de stress,
ansiedade, e outras doenças que ainda serão descobertas, relacionadas a isso.
Então acho que como arquitetos temos que buscar traduzir no ambiente formas que
tragam tranquilidade, conforto e o bem estar na vida das pessoas. Sobreviverão
os profissionais que entenderem isso, que não forem resistentes aos avanços
tecnológicos e que acompanharem o mindset das novas gerações.
Foco na essência e nos valores construídos na
Realidade
Por Flávia Saut – Decoradora
Daqui
a 25 anos teremos a sombra de uma humanidade transformada, que colhe por
algumas inconsciências e abusos. Então teremos que nos reinventar. Quero crer e
espero, pretensiosamente, que será uma Arquitetura embasada em necessidades
mais essenciais, mais humanas, mais conscientes.
Teremos
menos recursos, escasseados pela devastação, e teremos que forçosamente nos reinventarmos
com o uso de materiais regionais, menos impacto ambiental, com mão-de-obra
local e de mãos dadas com o Planeta numa responsabilidade ética. Lembrando que
a Arquitetura é uma faculdade criativa e, portanto, deve ser criativa. Parece
óbvio! Deve servir à humanidade de uma forma essencial. Sofisticação e
requinte, palavras desgastadas desse segmento serão entendidas e processadas de
uma forma muito diferente de hoje. Acredito que o bem estar, de forma menos
ostensiva, deverá ser o foco.
Seremos
o Mundo, conectados pela tecnologia, mas teremos a experiência de que trabalhar
na nossa comunidade será um recurso mais responsável e próspero. O ser humano,
em todos os setores, daqui a 25 anos vai entender que "salvar o
Mundo" é trabalhar no seu núcleo possível. Espero que aprendamos a olhar
ao nosso redor e CRIAR com foco na essência, não na ostentação, teremos valores
construídos na Realidade.
A
Arte deve servir à Vida, pois desde sempre é um instrumento de expressão,
transgressão e manifestação. A Arquitetura, assim como tudo, terá sofrido um
processo alquímico. Voltar-se-á para conceitos mais relevantes e às verdadeiras
necessidades, reverenciando a natureza e a beleza como um atributo onipresente
da vida. Que beleza é essa? O que nos entendemos por beleza hoje, nós
entenderemos daqui a 25 anos? O que é útil hoje será útil daqui a 25 anos? Uma
beleza fingida, fria, concreta será uma expressão confortante no futuro? Depois
de algumas surras de escassez de sentidos? Vamos lembrar que a função da Arte
(que contém a Arquitetura) é reelaborar os "pra quês" das coisas.
Então, em outros termos haverá uma demanda mais essencial. Acredito que com
menos consumo, menos acúmulo irresponsável, trocando o consumo automático por
aquisições mais afetivas e mais duradouras, sabendo que o que importará é
Viver!
Viveremos melhor e com mais afeto
Por Andrea Guglielmi Piazza- Arquiteta
O que considero mais importante são as relações
entre as pessoas serem realmente mais verdadeiras. Mais compreensão e menos
julgamento. Mais amor e menos agressão. Empatia como atitude e não como teoria
ou bandeira. Se colocar, verdadeiramente, no lugar do outro. Mais fé e menos
descrença. Onde tudo isso entra nesta perspectiva de um futuro? Em tudo! As
boas relações te fazem conhecer melhor as pessoas e com isso ser mais assertivo
nas análises, em qualquer segmento. Imagino a valorização das cadeias
produtivas em qualquer esfera, dos mais variados produtos, desde a escolha
criteriosa da matéria prima até o produto final. De todas as pessoas envolvidas
nos processos, por mais simples que sejam. A valorização dos produtos
regionais, por exemplo. O conhecimento dos processos que nos cercam, na
prática, e não só na teoria. Exemplos reais? A construção civil gera quase
metade do lixo produzido no mundo. O que podemos fazer em relação a isso? Não
deveria ser solucionado por nós mesmos que geramos tudo isso? Com certeza a
tecnologia, em 25 anos, será incrível. Talvez criem uma ferramenta que projete
só com nosso pensamento. Porém, de nada vale isso se o ser humano não tiver a
humildade e a simplicidade para compreender as pessoas e o ambiente ao seu
redor. Concluindo, espero que neste processo constante de busca por tecnologia
estreitemos verdadeiramente nossas relações.
É hora de se unir!
Por Nádia Muller – Designer
O mundo será muito diferente. Eu vejo isso muito
diversificado em regiões do Planeta. Hoje já temos uma evolução muito grande no
Japão e em pontos estratégicos e temos alguns vivendo na Idade da Pedra. A
tecnologia vai avançar muito e exponencialmente dará pulos incalculáveis. Nós
teremos que ceder e partir para área da tecnologia que nos ajudará a ter vidas
mais seguras e sustentáveis. O mote para o futuro na arquitetura será a
sustentabilidade. Pensando no interior, eu vejo que a vida dentro de casa voltará
mais para a família. Nós teremos um retrocesso. Hoje as pessoas são muito
solitárias e independentes e percebem que isso não é bacana. Por isso, as
pessoas estão se voltando para a família. O fato de usar os ambientes mais
abertos e integrados, abrindo cozinha para sala é porque as pessoas querem
estar mais juntas. Eu acho que o futuro vai nos tirar o serviço de dentro de
casa. As pessoas já querem menos funcionários e esse trabalho se tornará caro
no futuro. Hoje a busca é pela praticidade, para fazer as coisas sozinho e
conseguir manter a casa. As pessoas estão mais interessadas em cozinhar. Eu
sempre digo que a cozinha une e reúne. A gente abriu as paredes e as portas e
deixa a família integrada. A tecnologia vai dominar trazendo segurança,
conforto e qualidade de vida, mas na minha opinião as famílias vão voltar a se
unir e reunir dentro de casa com a praticidade da manutenção de tudo. A
alimentação será o fator de união das pessoas. Isso será muito importante daqui
para frente.
Por Athos Peruzzolo – Arquiteto
“Respeite para ser respeitado”. Tudo que a gente
faz na nossa vida gera uma consequência. Se a gente sempre respeitar a opinião,
o gosto e a ideia de uma outra pessoa, entendendo e compreendendo as pessoas eu
acho que acabariam todas as brigas e discussões que estão constantemente
vivendo. Eu acho que essa situação vai piorar a cada dia. A sempre imagina que
daqui a 25 anos vai mudar muita coisa, óbvio que vai, mas acho que não vai
mudar muito além do que já vivemos. O que mudou de 25 anos para cá são os
softwares. Vamos pensar que o mundo daqui a 25 anos estará mais preocupado com
os conceitos sustentáveis e ecológicos. Já existe um problema e será ainda pior
a questão das embalagens. Eu acho que em 25 anos tudo que precisa ser embalado
será biodegradável, existe uma unanimidade nessa questão. Tudo que será
produzido precisa ser decomposto. Esse é o principal problema do planeta. A
questão do espaço que a gente vive não é um problema. Ainda tem muito espaço
porque a pessoas nascem e morrem, mas chegará uma hora que isso será
equilibrado. O problema do lixo que a gente acumula aprenderemos com erro e
isso já está aparecendo. Já tem muita gente preocupada com isso. Tudo que
envolve a arquitetura e a construção será pensando e daqui a 25 anos estaremos
mais evoluídos. Eu vejo daqui a 25 anos cada vez mais ambientes naturais,
consumo menor de energia. A arquitetura será cada vez mais autônoma no reuso da
água e da energia e na própria embalagem com o uso de trituradores. Assim como
existe o triturador para o orgânico existirá algo que você terá em casa para
fazer a reciclagem.
Comentários