30/07/2021 - Schayla Jurk
Hora
de relaxar. Qual o cenário que remete à tranquilidade e paz de espírito? Talvez
você não perceba de imediato, mas o estilo natural é uma importante fonte de inspiração
que desperta sensações de conforto, saúde e sustentabilidade. Elementos que
transformam a vida e também a arquitetura. Olhe ao redor! Os ambientes com
vegetação agradáveis para estar e observar são uma tendência. É o design
biofílico.
A
conexão dos humanos com ambiente natural surge a partir da biofilia, palavra
grega que significa amor à vida. O bios que é a vida e a philia que é o amor
transformam o sentido do termo num conceito que tem cada vez mais espaço no
cotidiano da população. Os primeiros registros de uso do design biofílico da
maneira que conhecemos até hoje surgiu em 1964 com o psicólogo e filósofo Erich
Fromm. Duas décadas depois, em 1984, o biólogo Edward O. Wilson lançou o livro
intitulado “Biofilia”, popularizando o termo. Este start na concepção dos
benefícios do convívio com a natureza tem ainda mais importância quando
analisado a partir da perspectiva do tempo em que o ser humano passa em espaços
fechados.
O estudo "National Human
Activity Pattern Survey", realizado pela Berkeley Lab Energy, instituição
americana que pesquisa e desenvolve tecnologias de energia e redução de
impactos ambientais revela que 90% da vida acontece entre paredes. Pensando
nessa lógica, pouca gente considera um escritório um espaço de relaxamento,
mesmo passando quase toda existência dentro deste ambiente.
O
desafio atual de arquitetos e designers é propor soluções para incluir a
biofilia nos projetos e trazer o natural para dentro dos espaços. Afinal, nas
áreas urbanas a biofilia ainda é ausente na maioria dos ambientes e cria uma
desconexão entre os seres humanos e a natureza. O uso de plantas é um bom
começo, mas o design biofílico vai muito além e incorpora propostas com uma
paleta e materiais como pedras, madeiras, linho e bambu.
Neste contexto o design biofílico tem referências que são fundamentais para criação de um espaço de qualidade e bem-estar. O paper 14 Patternes of Biophilic Design revela padrões para adotar este conceito na criação de ambientes que vão contribuir para redução do stress, mais saúde e qualidade de vida. Conexão visual com a natureza, conexão não-visual com a natureza, estímulos sensoriais não-rítmicos, variação térmica e de fluxo de ar, presença de água, iluminação dinâmica e difusa, conexão com sistemas naturais, padrões e formas biomórficos, conexão material com a natureza, complexidade e ordem, perspectiva, refúgio/proteção, mistério, risco são os 14 principais pontos para inserir o design biofílico nas propostas de criação dos ambientes.
Estes pontos indicam um caminho para incluir no dia a dia a conexão com
a natureza. A madeira e a pedra usadas em pisos, paredes e móveis trazem
conforto térmico e um contato tátil com a natureza. A iluminação natural e o
controle de ventilação determinam um importante elemento para reduzir o consumo
de energia e também trazem conforto térmico. Incluir a água significa apostar
em biofilia. Vale uma piscina, um lago e até um aquário. Atrelado a este
conceito o verde é soberano e isso significa colocar plantas nos espaços e até
mesmo a tonalidade numa parede. A arquitetura e design verde é sustentável, agrega valor e reduz o impacto no meio ambiente.
A natureza num projeto arquitetônico e de interiores estimula cérebro a desenvolver respostas
ao estresse, incentivando a criatividade, imaginação, reduzindo a ansiedade. O
conceito de design biofílico proporciona também a sensação de segurança através
de vários elementos que partem do princípio do contato de forma direta ou
indireta com a essência natural.
As formas orgânicas expressam a sinuosidade da natureza
e trazem harmonia para o espaço e junto com todos os aspectos que caracterizam
o design biofílico propõe uma descompressão do urbano, sugerindo a ausência do
puro concreto e com o máximo de aproveitamento da luz e ventilação natural,
vistas privilegiadas para áreas verdes e espaços em harmonia com a vegetação.
Fonte: Archdaily, Archtrends e Casa Vogue
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