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Arquitetos e designers de SC no home office. E agora?

20/03/2020 - Roberta Dietrich

O NCD conversou com alguns dos arquitetos e designers mais atuantes do estado para saber como anda o trabalho home office. Pelo menos 15 profissionais das seis regionais onde o Núcleo Catarinense de Decoração atua responderam nossa pesquisa. Entre as perguntas estão o uso de ferramentas, quais as vantagens e desvantagens do home office e a perspectiva para os próximos três meses.

“Constatações básicas - Se você tem filho pequeno, não existe home office, salvo se você tem um porão...”
  1. Osvaldo Segundo

No Vale, por exemplo, os profissionais estão adaptando-se à nova realidade. Osvaldo Segundo não costumava trabalhar em casa mas investiu recentemente em colocar todos os arquivos do escritório na nuvem e com isso, toda equipe pode acessar aos projetos remotamente. Já Nicholas Alencar, da mesma cidade, ferramentas como WhatsApp, FaceTime, Skype e outros aplicativos ajudam a manter a equipe conectada quando precisa de verdade. “Acredito que um lado positivo do CORONA; é aprendermos a ser muito mais eficientes, eliminar os ruídos e aprender a ser objetivo nas relações, nos textos, evitando aquelas reuniões desnecessárias”, destaca Alencar. 

“Pretendo de alguma forma nos tornar ainda mais eficazes nos projetos trabalhando remotamente… Como tudo é uma oportunidade, eu pretendo aprender muito com ela.”
  1. Nicholas Alencar

Já o conterrâneo Thiago Mondini previu a necessidade do isolamento antes mesmo do Decreto 515 do Governo de Santa Catarina e organizou a equipe para trabalharem em casa. “De imediato, estamos aproveitando para finalizar os desenhos técnicos e adiantar alguns projetos em andamento. Mas se a situação se prolongar por meses, correremos o risco de ficar ociosos. Estamos vendo com alguns clientes se há interesse em antecipar alguns projetos futuros sobre os quais já tínhamos conversado”, revela Mondini. Sherlana Reis, também de Blumenau também entende que os próximos passos ainda são incertos. “Conseguiremos apresentar projetos, fazer orçamentos, mas dependemos das entregas e dependemos muito da mão de obra. Penso que conseguiremos deixar tudo preparado para continuar e iniciar as obras. Quanto ao andamento das obras, só conseguiremos decidir com o tempo”, explica Reis.

De Criciúma, André Sartor revela organização e vanguarda. Chegou a divulgar nas redes sociais um informativo de como o escritório funcionaria virtualmente pelas próximos dias. O escritório já tem há meses uma ferramenta que permite o acesso remoto a cada máquina como se estivesse nela. O único é ficar na sede da empresa é o próprio Sartor que liga as máquinas e consegue acompanhar até o movimento dos mouses dos colaboradores por meio da ferramenta. “Consigo acessar ao mesmo tempo o mesmo arquivo e irmos trocando ideias e fazendo alterações”, conta André.


DICA: Utilize ferramentas facilitadoras para reuniões e conversas, deixe o WhatsApp apenas para assuntos pessoas.
Ferramentas para videoconferência: Google Hangouts, Whereby e Zoom.
Ferramentas para conversas: Slack e Rocket Chat.
Foto: Reprodução/Unsplash.

Ana Paula Ronchi, uma das arquitetas mais atuantes do Estado, já está acostumada com o home office, que desde sempre foi seu refúgio criativo. Ela destaca que entre as vantagens dessa quarentena forçada está a possibilidade de colocar o trabalho de criação dos projetos todo em dia, mas sobretudo curtir a casa que nem sempre é aproveitada ao máximo por conta do corre-corre da rotina. E a profissional não para junto com a equipe. Todos os dia tem videoconferência para troca de ideias e discussão das tarefas. Em Tubarão, Andréa Guglielmi Piazza aposta na tecnologia para enfrentar essa situação. Ela buscou com a filha que trabalha numa multinacional de inovação os suportes tecnológicos para acelerar os processos de comunicação virtual com clientes e equipe. “Já usamos há muito tempo os contatos virtuais com os fornecedores, por exemplo, agora só vamos intensificar”, garante Guglielmi.

“Na torcida para que nossa rotina volte logo. E que depois disso tudo, agradeçamos ainda mais a rotina maravilhosa que temos de trabalho e de vida, ver como ela nos faz falta!”
  1. Moacir Schmitt Junior

No litoral, nem o sol pode ser opção de distração. As cidades estão proibindo a circulação em locais públicos como praia, praças e parques. E isso torna o home office um desafio ainda maior para uma região acostumada a viver ao ar livre em contato externo constante. Além disso, Moacir Schmitt Junior sempre preferiu o escritório e todo acervo de assessores e estrutura para criar projetos e atender clientes. Para o designer da Studio CasaDesign “a concentração acaba sendo o fator decisivo para dar certo e o jeito é procurar levar de forma mais leve. Chás, bebidinhas quentes, comidinhas carinhosas como salada de frutas, doces leves, chocolate, sorvete, e até mesmo pães de queijo acabam sendo um conforto, uma alegria e uma forma de carinho a quem está se sentindo sozinho e precisa produzir”. Por outro lado há quem já tenha decidido pelo home office há anos. Desde 2018 a arquiteta Fernanda Consonni trabalhava em casa. O atendimento e reuniões ela fazia numa sala de num espaço de coworking criado pelo escritório que tem Priscila Borges como sócia. “Não quis me instalar no coworking porque gostei da experiência em casa, diferente do que imaginava aqui tenho melhor produtividade, mais tranquilidade, atendo meus filhos e uso melhor meu tempo”, revela Consonni.

No Oeste o último contato presencial do setor foi o famoso Boteco NCD no último dia 14. De lá para cá os contatos ficaram cada dia mais escassos e todos já entenderam que agora o importante é ficar em casa. Para a profissional e mãe, Naila Tumeleiro, o home office é um desafio. “Estar em casa, com filho, vendo as coisas que precisam ser feitas e ainda mais prestar atenção nos trabalhos em andamento são tarefas que exigem ainda mais organização do que estar no escritório”, explica Naila. Sobre os próximos meses ela é otimista. “Espero confiante que as coisas se normalizem logo. Nosso dia a dia é muito corrido e as obras em andamento precisam ser continuadas. Os investimentos são altos, as expectativas são grandes e estamos com muita fé que em breve tudo voltará ao normal”, deseja Naila. Daniel Romanelli aproveita o trabalho em casa para curtir a companhia dos gatos dele e o conforto do espaço. Ainda assim prefere separar trabalho e casa. Até porque esse tempo no lar oferece o risco ao físico. “Dá vontade de comer a toda hora, um sono incontrolável que dá só de olhar pro sofá...é fácil perder a atenção facilmente com coisas supérfluas, que não são notadas diariamente”, alerta o arquiteto.


DICA: Vista-se para o trabalho! Mantenha a sua rotina normal: acorde, tome seu café e arrume-se para trabalhar.
Foto: Reprodução/Unsplash

Nadia Muller já trabalha Home Office, tem a estrutura montada e isso facilita muito. Ela destaca o conforto mas também chama a atenção para o perigo de trabalhar mais do que num escritório fora de casa. Também é preciso saber a hora de parar. “Como nosso tipo de trabalho requer muitas saídas tenho contato direto e intenso com pessoas e as informações que preciso. Quando preciso receber, posso usar um coworking ou espaço que as lojas disponibilizam para os profissionais. Na maioria das vezes esses encontros são nas obras ou na própria casa do cliente”, explica Nadia. Em Floripa, a talentosa Mariana Pesca ainda está em período de adaptação por causa das crianças em casa – Mari é mãe de dois meninos. A equipe do escritório super motivada está toda full time trabalhando em casa com os programas de projeto a todo vapor. Mariana faz reuniões pelo Hangout que é um aplicativo, para Android, iOS, Google Chrome e Outlook que disponibiliza ao usuário um bate-papo por texto, áudio ou vídeo, além do compartilhamento de imagens e emoticons. Realista e objetiva, quando perguntada sobre as obras nos próximos três meses, Mariana afirma que “os projetos estão sendo desenvolvidos sem problemas e sobre as obras precisamos aguardar as possíveis liberações”.

Bônus: Dica do Especialista
Engenheiro e especialista em comportamento humano, Daniel Hosken dá dicas sobre os 5 pilares da produtividade no home office. Confira:

1. Coleta
Tire os pensamentos da cabeça e coloque no "papel". De preferência, use apenas um canal para isso, um bloco de notas, ou Trello, ou um caderno físico.
Para saber por onde começar, utilize a matriz de importância, elencando o que é urgente, não urgente, importante e não importante.

2. Organização
Depois de separar as tarefas por ordem de importância e urgência, planeje e aja.

3. Planejamento
O planejamento de uma meta deve ser feito em médio a longo prazo, e o planejamento da performance, acompanhado constantemente. Em home office, acompanhe sua produtividade a curto prazo. Faça anotações diárias e acompanhe seu rendimento semanalmente.
Lembre-se: o que não pode ser mensurado não pode ser gerenciado.

4. Ação e prática
Tire do papel! Os dois motivos para não alcançar um objetivo são a falta de planejamento e a falta de execução.

5. Feedback
Um bom gestor mais escuta do que fala. Ouça os feedbacks da sua equipe e aproveite as oportunidades de melhorias.

"Produtividade pode estar atrelada à diminuição no ritmo acelerado. É muito importante respeitar o momento e ser produtivo também na vida. A produtividade depende da saúde física e mental."
Daniel Hosken

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